quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

1º Encontro extraordinário de 2013


Quando cheguei em casa, já de madrugada, vi que havia um recado para mim, dizendo que o Vieira havia me ligado. Liguei no dia seguinte e quem me atendeu foi Cláudia (Bil) que já adiantou o assunto dizendo que haveria uma reunião na casa deles (no sábado, dia 5 de janeiro) e que gostariam de contar com nossa presença (eu e Cecília). Claro, que confirmei minha presença; afinal seria um momento extraordinário (em todos os sentidos) de poder ir ao QG de nosso oposicionista – o comandante Svieirovisky. Isto inclui a presença de outros seus correligionários oposicionistas ao “reinado” de nosso inoxidável presidente J. Drink’s. Não fui em “missão”, podemos assim dizer, mas fui imbuído do espírito diplomático que a situação requeria. Afinal, esta reunião teve um caráter social, uma que as esposas também estiveram presentes.
Cheguei bem depois do horário marcado – 20:00hs; não por desfeita, mas quando se está de férias com filhas adolescentes, a programação é “não ter programação” e cumprimento de horário se torna uma meta que nos induz a flexibilidade. Eu e Cecília, chegamos bem depois do horário marcado e já encontramos alguns componentes da diretoria oposicionista. Os anfitriões – Vieira e Bil – nos receberam com a simpatia de sempre, e encontramos Amaro e Antero com esposas, filhos e filhas e o Mário. Um reencontro que durou pouco mais de um ano, desde o derradeiro encontro em 2011.
Os assuntos variavam entre casos antigos de nossa juventude a comentários sobre atualidades gerais. As esposas por não terem compartilhado daquelas doideiras (ainda bem!) conversavam sobre assuntos, digamos assim, mais normais. O presidente J. Drink’s foi citado diversas vezes, bem como seu vice-presidente Gofran de Bacumma.
Apesar de ser uma reunião social com a oposição, não tratou-se de nenhuma ação que pusesse em risco a governabilidade de nosso inbulibitável e osteroplascôncico presidente. Apesar dos questionamentos feitos quanto a falta de transparência na escolha do Catete Grill e da ausência de prestação de contas nos encontros da confraria (falou-se até em jabá do dono da churrascaria para pagar as contas pessoais do presidente). Mas são apenas suspeitas, provavelmente infundadas, pois sabemos que a casa de Angra, foi comprada com alguns precatórios da Petrobrás e RFFSA, pagos por serviços prestados a estas duas instituições governamentais.
Papo vai papo vem, as memórias eram trazidas sob gargalhadas e espanto das esposas. Cecília ria e achava aquela turma muito doida; e me perguntou como seria então o encontro de 30 malucos, todos falando ao mesmo tempo, cada qual com a sua versão dos fatos “históricos” de nossa juventude. Expliquei-lhe que era assim mesmo, o mais importante não era a veracidade dos fatos, mas o folclore do que se criou em cima dele.

Da esquerda para a direita: Amaro (Divino), Cláudio (Kybe), Mário, Vieira e Antero (Dr. Gólman)

Dr. Gólman, Gólman, Gólman (Antero) narrava seu atendimentos personalizados a duas figuras antológicas da Correia: Frango Del Macumba e Gigi (ou Gilbertinho ou mais precisamente Tobergil – para os íntimos). Dr. Gólman, nos contou que certa vez, estava dando atendimento no Fluminense, atendendo aos jogadores, quando chegou em sua sala um funcionário dizendo que tinha uma rapaz chamado Marco Neves que queria falar com ele. Dr. Gólman, disse-lhe que não conhecia nenhum Marco Neves e que ele voltasse outra hora, pois ele estava ocupado. Dito e feito, o funcionário cumpriu suas ordens e transmitiu o recado. Uma hora depois, o funcionário voltou a sala de Gólman e disse-lhe: Doutor, aquele rapaz, o Marco Neves, ainda está lá e insiste em falar com o senhor. No que Gólman, respondeu-lhe do alto de sua autoridade médica: Mas eu já lhe disse que não conheço nenhum Marco Neves! O que ele faz? É propagandista de remédios? Volte lá e diga a ele que eu não vou poder atendê-lo. Que volte outra hora!
Gólman continuou com seus afazeres, mas passadas mais duas horas e o funcionário volta a sua sala: Doutor. Posso lhe pedir um favor? Atenda o rapaz. O tal de Marco Neves. Sou que estou lhe pedindo agora. Por favor!
Gólman, então, cedeu aos apelos do funcionário e com seu bom coração resolveu atender o tal de Marco Neves. “Marco Neves, Quem será este tal de Marco Neves?”
A porta se abre e para surpresa de Gólman, quem aparece? “Go-fran!”
A assim disse Gólman, emocionado ao encontrar nosso velho amigo, que pacientemente esperou por mais de 3 horas para ser atendido, pois estava com o punho quebrado e necessitava da ajuda médica de seu amigo doutor.
Após o atendimento vip que nosso amigo merecia e recebeu, Antero chamou o funcionário do Fluminense e disse-lhe que toda vez que aquele rapaz chegasse ali, fosse a hora que fosse, era para ele entrar; e que guardasse bem aquele nome: FRANGO, pois Marco Neves realmente, ele não conhecia. Assim, vida que segue; fato registrado e mais uma história de nossas vidas, para nossos filhos e netos lerem.

Tributo ao Selarón

Conheci o Selarón há 27 anos, assim que montei o estúdio. Ele já estava na Lapa há uns 2 ou 3 anos... Iria fazer uma exposicão de seus quadros. Na ocasião ele não tinha dinheiro algum para fazer o evento! A gráfica que fez os folhetos, fez uma permuta com alguns dos seus quadros. 
Eu estava começando, queria fazer portfólio e me prontifiquei a fazer o trabalho gratuitamente. Na foto principal do catálogo, retratei-o segurando um magnífico quadro em sépia retratando a fachada do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e mais algumas fotos dos quadros que iriam entrar na exposição, na época não havia digital, fiz tudo em película PB!
Durante o trabalho ele havia me perguntado qual dos quadros eu havia gostado mais... Certamente respondí que era o da Fachada do Teatro Municipal! 
Um belo dia (depois que a exposição terminou) alguém bate a porta do estúdio, não estava aguardando ninguém, quando olhei pelo “olho mágico”, ví que era o Selarón com um quadro na mão. 
Primeira coisa que passou pela minha cabeça era que ele havia levado mais uma ou mais telas para fotografar. Quando abrí a porta para a minha surpresa ele estava segurando a Tela do Teatro Municipal, e ele simplesmente falou com seu sotaque carregado... Levitano... Este quadro é o mais bonito da exposion e ele é seu!!!! 
Fiquei emocionadíssimo claro, este quadro até hoje está na sala da casa da minha mãe em local de destaque. Daí em diante fotografei para mais algumas vezes para exposições, ou simplesmente quando queria fotografar algum quadro de destaque que vendia para alguém do exterior, ele ia ao estúdio para que fizesse a reproducão. 
Volta e meia me presenteava com um quadro. Além dos quadros que me deu tenho um “quadro Cartão de Natal”, tipo 20x 25 com uma dedicatória. Por outra ocasião ele me deu um caderno pautado com “roufhs” de quadros que iria pintar ou havia pintado. 
Há uns 2 anos atrás fiz um ensaio fotográfico com ele e coloco no face para vcs verem. Infelizmente não deu tempo para fazer uma foto que lamento muito não tê- la feito... Seria fotografa- lo segurando o mesmo quadro (do Teatro Municipal), na mesma posicão, porém com os trajes que costumava andar ultimamente, 27 anos depois... 
A vida me ensinou que quando vc tem uma boa idéia para produzir uma boa foto, faça HOJE, pois ninguém sabe se será possível, faze-la depois... Os degraus da Escadaria Selarón ficaram órfãos. Originalmente a escadaria era basicamente nas cores verde e amarelo, em função de uma das Copas do mundo, ocasião que começou esta obra... posteriormente ele foi acrescentando ladrilhos vermelhos nas laterais, que recebia de doações ou comprava do mundo inteiro. Talvez tenha escolhido o Vermelho por chamar atenção, talvez pela paixão que tinha pelo Brasil, pela nossa gente ou pelo amor que tinha pela sua arte... Amor não, paixão, VERMELHO PAIXÃO, que nas entrelinhas de quem conheceu o Selarón parece que ficaram mais esmaecidas, como se o tempo desse uma ”meia trava”, falta um último ladrilho, uma última varrida na escadaria, o sotaque carregado do “Maior del mundo” como costumava falar, falta SELARÓN! Morreu na escadaria ateando fogo no próprio corpo, como se escadaria e artista se fundissem em 1, indivisível agora pela eternidade. 
Tributo aos sépias, que tingem os restaurantes da região, aos vermelhos, verdes e amarelos, residentes agora eternamente na Escadaria da Lapa. na Escadaria do Selarón.

(Carlos Levitanus - fotógrafo e confrade)